domingo, 22 de abril de 2012

Kerstin Botter e Gerd Hübner
Chá & Conspirações
Jornal Algarve123 - Natasha Donn, Edição 722 (29 Mar 2012)

Local: doze quilómetros de Silves, no interior da natureza da serra algarvia, onde se misturam os aromas dos eucaliptos e dos cistos. Motivo: entrevistar “a senhora dos chás curativos” no seu ambiente natural. Kerstin Botter é presença habitual nas feiras e festivais do Algarve, onde vende talvez a mais vasta selecção de remédios medicinais que se podem encontrar na região. Durante a nossa conversa, acabámos por partilhar uma caneca a borbulhar de conspirações. Ervas que curam e “chemtrails”- rastros supostamente tóxicos deixados na atmosfera por alguns aviões. Mas que há em comum entre ambos? O melhor é ler o resto para descobrir…
Primeiro, vamos explicar as nossas razões para procurarmos a casa de pedra e tijolos amarelos, onde vive o casal alemão Kerstin Botter e Gerd Hübner.
O casal chegou aqui há 30 anos atrás, determinado em criar uma comunidade unida pelo desejo de “sair da sociedade”, criando uma vida alternativa. Viajaram pela Europa toda, levando apenas arroz integral, azeite virgem e sal. “Tudo o resto, colhemos pelo caminho”.
A bagagem mais pesada que carregavam era livros. Obras sobre plantas medicinais, sobre estilos de vida, filosofia e ideais alternativos. Quando finalmente se instalaram no seu retiro, um terraço esculpido na rocha da serra, Kerstin já estava lançada no caminho de se especializar na sabedoria das plantas medicinais e as suas propriedades.
“As ervas trabalham bem em conjunto com o nosso corpo”, explica-nos, enquanto limpa cuidadosamente folhas de eucalipto que serão postas a secar em paletes. “É por isso que, quando você recupera de uma doença, sai da convalescença muito mais forte do que estava antes de adoecer. Portanto, é exactamente o oposto daquilo que acontece quando trata o corpo com químicos”, diz.
A gama de chás de Kerstin Botter inclui mais de 100 plantas, metade das quais crescem no seu jardim. As restantes, são colhidas no campo.
“Apanho diferentes ervas de acordo com a estação”, conta. “Agora está na altura de limpar os vales e as encostas dos montes que cultivamos”.
Então, e quem é o seu público? “Todas as nacionalidades”, considera durante alguns segundos, “embora talvez menos Ingleses, que não são tão abertos ao uso de chás medicinais.”
E qual é o remédio mais procurado?
Um sorriso: “Não gosto de admitir isto, mas o chá que mais vendo é um que na verdade nunca quis fazer. É um chá para emagrecer!”, brinca.
“No passado, tentava sempre aconselhar as pessoas sobre dietas e hábitos de vida. Sentia que era a melhor resposta que poderia dar aos problemas de peso – mas entretanto comecei a ver à venda nas farmácias substâncias rotuladas como sendo “remédios naturais”. Na verdade, são ervas muito daninhas, do tipo que estimulam a expulsão de todos os minerais do corpo! Talvez emagreça, mas também o fragiliza de muitas outras maneiras. Isto não está certo, e portanto fiz uma mistura que limpa o corpo e que inclui especiarias que ajudam a queimar a gordura do sistema: artemísia, orégãos, entre outras.”
E o segundo mais popular? “Isso é fácil! É o chá calmante, anti-stress, com ervas que fortalecem os nervos. E claro, também devido à propaganda farmacêutica, há muitas pessoas que procuram o meu chá para o colesterol: nível elevado.”
“De certa forma, é uma pena porque há muitas coisas sem sentido nenhum escritas acerca do colesterol e dos perigos de se ter níveis elevados…”
Aos 58 anos de idade, contudo, Kerstin considera que é cada vez mais extenuante gerir a sua pequena e singular indústria caseira. Envolve tanto trabalho manual que ela e o seu parceiro Gerd estão a considerar mudarem-se para outro projecto comunitário – especialmente porque as suas experiências neste tipo de vida terminaram em meados dos anos 1990, devido a discussões ideológicas. “Tenho esperança que possamos vender a nossa Quinta a pessoas dispostas a continuar o projecto das plantas medicinais”, diz Kerstin.
“Seria muito triste abandonar todo o nosso trabalho e perder toda a sabedoria que desenvolvemos.”
Para já, no próximo domingo, 22 de Abril, Kerstin vai organizar um dia aberto, pelo preço simbólico de seis euros. Qualquer pessoa interessada no ainda crescente universo da medicina natural será bem recebida.
As palavras “ainda crescente” dão o mote à “conspiração” que importa trazer à conversa.
Quando chegámos à sua porta, a primeira coisa que Gerd disse foi: “hoje eles estão a pulverizar que nem loucos!” Eles? Os aviões a jacto por cima de nós. Segundo Gerd, há voos que não transportam passageiros, mas participam em operações discretas cujo objectivo é pulverizar uma mistura de químicos na atmosfera. E para quê?
“Faz parte de um ataque planeado à humanidade – uma experiência para secar toda esta área”, explica. “Isso é uma das razões pelas quais não tivemos chuva este ano...”
Consciente que esta conversa não tem nada a ver com chás de ervas – nem com o desejo da minha editora em publicar histórias positivas nestes tempos de crise e incerteza – este é o tipo de afirmação que nenhum repórter pode ignorar. Porque não investigar um pouco este assunto.
A teoria da conspiração sobre os chamados “chemtrails” começou nos finais dos anos 1990, e tem sido constantemente refutada pelos poderes vigentes. A verdade é que apesar de muitos esforços para a desacreditar na opinião pública, continua bem viva. Polémica? Loucura? O leitor decidirá.
Entre um rol interminável de histórias que facilmente se podem ignorar como sendo malucas, há uma que se distingue pela credibilidade. Rosalind Petersen, uma típica avó americana, e ex-gestora agrícola na Califórnia, tem sido uma das pessoas que mais se interessou por este tema. Foi aliás, uma das principais palestrantes na conferência sobre alterações climáticas nas Nações Unidas em 2007.
Fundou também uma associação, em 2006, cujo objectivo é “proteger a agricultura de uma vasta gama de testes e experiências atmosféricas e climáticas” que supostamente estão a acontecer não só nos Estados Unidos, mas em todo o mundo ocidental. A prática é conhecida como “geoengenharia”.
Rosalind Petersen, fundadora da associação «California Skywatch» faz-se ouvir porque recusa falar sobre “chemtrails” – prefere descrever o fenómeno como “rastos persistentes de aeronaves”. Desta forma, não coloca em questão a sua legitimidade para falar em conferências oficiais.
Numa das suas afirmações explica: “estudos da NASA têm provado que os rastos dos jactos – do tipo que estamos a falar – podem transformar-se em nuvens artificiais feitas pelo homem, que mudam o clima, aceleram o aquecimento global e o impacto nos recursos naturais. Mas nunca disseram nada sobre o que está a ser vaporizado. Simplesmente, apagaram essa informação. Alguma coisa está errada...” Conspiração? Segredo?
“Devia haver um forte protesto público”, opina Gerd Hübner. É certamente um assunto que para muitos de nós valerá muito mais do que uma chávena de chá…
Para reservar um lugar no evento, ligue para o 282 441 500 ou e-mail quintadaparreirinha@hotmail.com

1 comentário:

  1. Não conheço (ainda) o local, mas sou consumidor dos Chás que produzem e que recomendo. Um trabalho valioso e valoroso, que e infelizmente, continua a não ser reconhecido. Um abraço para ambos, a quem penso visitar em Setembro deste ano e obrigado pela atenção cuidada que sempre me prestaram.

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